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sexta-feira, 30 de abril de 2010

bagdad cafe

‘Bagdad Cafe’ ou ‘Out of Rosenheim’ é um filme singelo que silenciosamente permanece na alma e na mente muito depois do sol laranja se pôr atrás do pequeno café perto da curva da estrada. É um filme que fala através das cores, da música e dos gestos. É um filme que fala sobre a doce libertação. Um filme que aborda a sensação de deserto interior, e a vontade de abandonar e mudar tudo sob um sol abrasador. Um filme cult que retrata as diferenças culturais onde é possível encontrar possíveis afinidades. As duas personagens principais são marcantes: Jasmim e Brenda cujas vidas se cruzam em um ponto situado no meio de lugar nenhum de uma estrada que corta o deserto de Mojave na Califórnia. ‘Bagdad Cafe’, em todo momento, mostra o sentimento da solidão e a magia das transformações. É uma obra de arte do cinema, uma fábula do mundo contemporâneo, é um daqueles filmes de rara beleza e sensibilidade. ‘Bagdad Cafe’ nos faz lembrar quão belo e diferente é o cinema europeu.

Do diretor Percy Adlon, um dos mais respeitados do cinema alemão, que também colaborou com o roteiro e a produção, ‘Bagdad Cafe’ é um clássico do cinema europeu que, apesar de datar de 1987, é atual. Com um roteiro simples e surrealista, conta a história de Jasmim (Marianne Sägebrecht), uma turista alemã que após uma discussão na estrada abandona o marido que a maltratava. Com nada além de uma mala pesada e seu terno de lã cambaleia pelo deserto hostil onde encontra um pequeno motel, um posto de gasolina e o café que levam o nome do filme. Um local empoeirado e decadente gerido por uma proprietária negra, Brenda (CCH Pounder), que também discute com o marido que nesse caso, é quem não entende a grosseria da esposa e vai embora. O local que não têm hóspedes e nem clientes é freqüentado por uma combinação estranha de habitantes e todos são motivos de aborrecimento, decepção ou transtorno para Brenda. Brenda é seca e árida como o deserto.

As palavras são poucas, e o silêncio é quebrado pela música de um velho piano e pelos gritos de Brenda. As raízes do caos e da hostilidade cresciam fortes até o momento que Jasmim surge, igualmente perdida e esquecida, mas guiada por sonhos e penetra como hóspede naquele mundo duro e seco. Inicialmente hostilizada por Brenda, conquista espaço aos poucos e de repente, estão todos se ajudando como num passe de mágica. Jasmim limpa, organiza e harmoniza o bar-café e o transforma num ponto de parada obrigatória para motoristas que passam pela região. E cresce, então, a flor dos sonhos, cobrindo as raízes secas da amargura. Desde o início, Rudi Cox foi o único que a compreendeu, talvez por ser pintor tenha conseguido ver luz onde havia apenas sombras. E Jasmim torna-se a amiga estrangeira que fascina e compreende os filhos de Brenda; torna-se a mulher que alimenta as fantasias do velho pintor solitário; e passa a ser a companheira da dona do Café Bagdad. Jasmim, a enorme alemã, liga-se a Brenda, a negra de corpo mirrado, mas ambas são fortes. ‘Bagdad Cafe’ é um filme de contrastes onde surgem as identificações.

São nas interpretações que o filme encontra sustentação do início ao fim. A atriz alemã Marianne Sägebrecht, ex-artista de cabaré, é o grande nome do filme, é tão perfeita que é difícil saber o que mais nos cativa nela. Brenda é magnificamente interpretada por CCH Pounder, nascida na Guiana Inglesa. Jack Palance, num papel menor, se destaca como ex-ator e pintor. Mas, a trilha sonora merece destaque. A canção tema, ‘Calling You’, de Bob Telson que é cantada por Jevetta Steele de forma esporádica durante todo o filme concorreu ao Oscar de melhor canção original. ‘Calling You’ é de uma beleza melancólica que não envelhece nunca, uma espécie de lamúria profunda que reflete perfeitamente o clima de solidão do deserto e das personagens. Todas as vezes que o filho de Brenda tenta quebrar esse clima com uma canção alegre ao piano, é impedido de tocar, deixando a sensação de que não há espaço para sentimentos harmoniosos naquele lugar. ‘Brenda, Brenda’ é uma animada canção e soa como a resposta para as transformações realizadas por Jasmin na vida de todos, principalmente na vida de Brenda. Também digna de nota é a sublime 'C-Major Prelude' de Bach aumentando ainda mais o peso emotivo do filme. Mas o momento de maior beleza é mesmo o grito doce, mas desolado de ‘Calling You’. Já no início do filme com Jasmim arrastando a sua mala e sua dor pela beira da estrada, a câmera a focaliza pelas costas, e ‘Calling You’ preenche o cenário e ecoa pela longa estrada da solidão como uma brisa quente vinda justamente na sua direção, com a esperança de uma mudança se aproximando, como uma doce libertação. E de repente, no meio da desolação do deserto, cria-se um oásis de possibilidades escondidas. ‘Bagdad Cafe’ e ‘Calling You’ são um dos momentos cinematográficos mais belos que já vi e ouvi.

Bagdad Café
Bagdad Café
Bagdad Café
Bagdad Café
Bagdad Café
Bagdad Café

jevetta steele - calling you


soundtrack - bagdad cafe (1988)

Bagdad Cafe: Original Motion Picture Soundtrack (1988)
parte I    parte II

Tracklist
01. Jevetta Steele - Calling You (Bob Telson)
02. William Galison - Blues Harp (Bob Telson)
03. Deninger Blasmuski - Zweifach (German Traditional)
04. Jearlyn Steele Battle, Marianne Sagebrecht - Brenda, Brenda (Bob Telson)
05. Darron Flagg - Prelude and Fugue No. 1 in C major (Johann Sebastian Bach)
06. Bob Telson – Calliope (Bob Telson)
07. Bob Telson - Calling You (Bob Telson)
08. Deninger Blasmuski - Bagdad Café (Percy Adlon)

3 comentários:

  1. Que trem é esse de 'ser deletado'?
    Como assim?
    bj!

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  2. Este filme é mesmo snsacional.
    Cadinho RoCo

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  3. Vi- revi este filme há 02 anos . Ainda permanece fresco na minha memória .

    beijos

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