joão bosco - corsário Tracklist O Essencial de João Bosco (1999) TracklistJoão Bosco de Freitas Mucci nasceu no Estado de Minas Gerais, na cidade de Ponte Nova, região da Zona da Mata Mineira. Viveu sua infância em um ambiente musical. O bandolim, o piano, o canto e o violino faziam parte de seu cotidiano familiar. Aos quatro anos de idade cantava nas missas de sua paróquia. Aos 12 anos, ganhou seu primeiro violão. Em 1967 ingressou no curso de engenharia da Universidade de Ouro Preto. Por essa época teve seu interesse musical despertado e João Bosco conheceu o poeta Vinicius de Moraes, mas a parceria não decolou. Em 1970 conheceu o poeta carioca Aldir Blanc e tornaram-se parceiros em mais de uma centena de músicas. Formou-se como engenheiro civil em 1972.
João Bosco e Aldir Blanc foi, com certeza, uma das mais bem sucedidas parcerias da MPB. Lançados por Elis Regina, na década de 70, o engenheiro João e o psiquiatra Aldir formaram uma dupla imbatível de repórteres de uma época. João tentou Vinícius, Aldir compôs com Ivan Lins e Gonzaguinha, mas a cadência não batia. Apresentados por um amigo comum encontraram finalmente a combinação perfeita. A parceria foi montada por correspondência, Aldir mandava as letras para Ouro Preto, onde João fazia sua faculdade e, nas férias, juntavam-se para cantar, jogar sinuca e compor. Até que um dia Aldir mandou a letra de ‘Agnus Sei’ e a parceria se consolidou com uma gravação. O Brasil ouviu, e Elis gravou em 72. A genialidade da dupla está na perfeição de versos e melodias, na história do homem comum que tem sua glória estampada nos jornais, ou no cotidiano de casais, no terreiro de Candomblé, ou no bar da esquina.
joão bosco por joão bosco
Há uma suspeita de que a escassez de cabelos na cabeça influi na quantidade do sono. Enquanto isso meu nariz aponta para a linha do nada onde tudo se reparte em idéias, ilhas e continentes. Meus olhos confirmam tudo. A minha boca é toda ouvidos para o meu coração. Os meus ouvidos atentam para outras bocas. Amamentado pelo meu violão, moro na estrada. Sem saber quem sou e nem porque vim, eu vou. Da primeira vez que nasci, lá pelo ano de 1946, trouxe comigo uma grande alegria para o meu pai que até aquele momento contabilizava o feito de cinco moças e mais os olhares interrogativos e desconfiados da colônia árabe. Cresci em meio aos matagais, trilhas, mata-burro, veredas e grutas; descalço, tive os pés regulados para andar por esses caminhos ao som de pios de uma fauna alegre e ingênua; matuto, vivia contando estrelas, ouvindo carrilhões e sonhava muito. Quando os libaneses se reuniam em nossa casa, se entendiam naquela língua de quem gosta de montar em camelo. Eu achava aquilo meio estranho. Era como clamar no deserto.
Passei pela terra de Aleijadinho e o meu coração que até então era vadio, ficou barroco. Subi e desci ladeiras. Descobri que na vida existem mais hipóteses que teoremas. Supor é melhor que demonstrar e na dúvida mora a vontade de continuar. Foi assim que deixei a memória, o patrimônio de séculos construídos pelas mãos do homem, o calçamento em forma de pé-de-moleque, o silêncio das almas, o barulho interno de minha alma. Calcei os sapatos, peguei o trem e vim pra cá, onde as ruas são largas, retas e simétricas; as sirenes são cortantes e os pastores das almas são barulhentos. O vizinho não mora ao lado, as árvores são introvertidas e os pios das aves são intrigantes. Quando nasci da segunda vez, o meu coração bateu aflito. Mas logo que vi o mar, serenei, pois, tudo que havia existido voltou subitamente e volta sempre quando estou caminhando no calçadão que vai do Leblon ao Arpoador. Aí, o que foi e o que poderia vir a ser andam comigo, incluindo as sementes, o pão de queijo e a goiabada. Eu sou do signo de Câncer, por isso prefiro uma toca, entretanto aprendi a contrariar o meu signo várias vezes, por isso gosto tanto de viajar por esse mundo afora, só não consigo contrariar o meu signo de mineiro. Eu sei que esse deveria ser um retrato pintado ou desenhado, falado ou escrito do autor pelo próprio autor, mas quando se trata de revelar-me, prefiro assim, meio de lado, do jeito que a gente anda no samba, no lugar de frente ou verso. O amor é o meu dia de folga. Quem sabe de mim é o meu violão.
01. Odilê Odilá 02. Holofotes 03. Papel machê 04. Granito 05. Quilombo/Tiro de misericórdia/ Escadas da Penha 06. Memória da pele 07. E então que quereis... ?/Corsário 08. Eleanor Rigby/Fita amarela/Trem bala
parte I parte II
01. Linha de Passe 02. O ronco da cuíca 03. Latin lover 04. Dois prá lá, dois prá cá 05. De frente pro crime 06. Kid Cavaquinho 07. Quando o amor acontece 08. Miss Sueter 09. Incompatibilidade de gênios 10. Siri recheado e o cacete 11. Corsário 12. Papel Machê 13. Gênesis (Parto) 14. Escadas da Penha 15. Agnus Sei 16. O cavaleiro e os moinhos 17. A nível de... 18. Boca de sapo 19. O bêbado e a equilibrista 20. O rancho da goiabada
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
joão bosco
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Ah...joão!
ResponderExcluirNada mais prazeroso que um violão que o violão e 'brinquedo de papel machê".
Beijos vermelhos!